sábado, 23 de fevereiro de 2013

Comilança natureba dos últimos tempos

Passei a semana comendo lasanha vegana: até a massa fiz! Misturei sob orientação de algum blog veg uma xícara de farinha integral, uma colher de azeite e um copo de água batida com manjericão. Mas como a receita dizia para eu misturar até ficar grudando e ela estava muito líquida, liguei para as tias e segui a do Paraná: misturei farinha de rosca para dar liga. Depois polvilhei o balcãozinho da mesa com farinha de mandioca tentando evitar o grude, abri a massa com garrafa de vinho (ah, que beleza, ontem minha mãe virginiana passou aqui querendo fazer o rapa e jogou fora meu pau de massa improvisado), coloquei para cozinhar na água em fogo baixo (dica da tia de Santo André, segundo a qual, os japoneses também fazem assim) e ah! Coloquei tempero de ervas finas também. Ficou trocentos anos cozinhando, mas deve ser este catzo de fogão desregulado. Noutra panela fui mirabolar um molho maluco com tomate, zathar, pimenta rosa, cominho, alecrim, shoyo, mostarda, pó de chá de chai que sem água vira tempero por conta do gengibre, canela, cardamomo, alho granulado, abobrinha, enfim, uma verdadeira santa ceia. Cem anos depois forrei a assadeira com a manteiga indiana, coloquei um pouco do molho "de um tudo", a 1a leva de massa (aparentemente elas não foram suficientes, mas acho que não consegui abrir muito e ficaram grossas), brócolis e... seria rúcula ou agrião? Sempre confundo, embora a amiga de fé, irmã camarada brigue dizendo que têm gostos diferentes. Mais massa, mais folhas verdes escuras pra repor ferro e cálcio e como o molho não deu conta, bati o agrião ou rúcula com azeite e manjericão, só que antes de cobrir completei uns cantos da forma que faltavam com palmito, Sabor a Mi azeite e ervas e cobri tudo com o pesto. Faz uns seis dias que como ela e até levei de marmita para os dias em que trabalhei e estudei na rua por longos períodos. Milagrosamente não enjoei, cada mordida tem uma overdose de tempero diferente. Mas como estou em processo de cura do meu feminino por conta do perdão do meu pai, admito que ele tem razão, tem mais tempero que comida, pois ainda acho uó parar o que faço para comer, então disfarço bem que tem comida com a "temperaida" toda. É uma judiaria não tem quem experimente, mas paciência foi uma semana "vida louca, vidaaa! Vida imensa"!
Logo depois do Carnaval o vermelhinho (meu lap velho de guerra) deu pau e eu pirei tentando conectar e trabalhar pelas redondezas, mas a Internet Livre do Sesc Ipiranga foi pro brejo, no CEU Meninos a atendente deu aquelas justificativas para crianças de 5 anos pq não dava para acessar "pq não", no Telecentro da Biblioteca Castro Alves, onde só não li enciclopédia na minha infância, depois de uma hora nada do Gmail abrir... Ninguém pode dizer que não tentei né minha gente?
Por oferta da irmã japa fui emprestar o note branquinho dela e trabalhei uma noite por lá. Levei recheio para os pastéis assados: palmito, azeitona, cogumelo, que ela completou com carne de soja e ficamos assim, fazendo gracinha para a câmera mequetrefe do meu celular (ai que saudades da minha Kodak digital, mas terça eu compro um cartão de memória para a bichinha!).
Preciso falar que dava para comer gemendo? Deve ser por isso que tiramos tanto "sarro fotográfico". Em tempo: o brinde era com vinho, embora ele não combine praticamente nada com xícaras (deixe eu fechar os próximos freelas para ver se não te dou umas taças, nipo falsificada - conhece alguma que não goste de sushi e sashimi? Prazer, essa aí).
Esta semana meu filho canino voltou para casa, que tenho guarda compartilhada com meus pais. Aí sim me apaixonei de vez por trabalho home office. Gente, apurar, escrever, estudar, divulgar ou prospectar  com lambida no pé do Bidu é tudo na vida de uma pessoa! Só não foi melhor pq teve dia em que a folha de seda que chamo de pele estava com os pés entupidos de machucados e aí, neste caso, machuca mesmo. Mas ontem o coitado passou mal no carro dos meus pais, quando ganhei uma carona para o metrô, agilizando o ensaio da contação de histórias árabe noturna. E eu tenho que ouvir que não cuido do bendito! Gosto de gente que por estar confortável financeiramente cutuca a gastrite de quem não está, achando que a pãodurice momentânea é um estado de espírito. Estou numa torcida organizada pelos futuros freelas para encher o tchobas da família de agrados e fazer os Mendonça e Machado ficarem bem pianinho, além de claro, fazer restituição de posse do meu cachorro, que fica em volta enquanto cozinho, digito, falo no telefone...
Fez lá uns dois xixis fora do lugar, mas se levarmos em consideração as horinhas que passei estudando, ensaiando, me apresentando, conhecendo eneagrama, indo ao RPG, à terapia... Ele até que foi bastante razoável.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Todas as vezes em que nos deliciamos "hhhuuummm"

Depois de dois dias "corta pulsos" com a bisbilhotice alheia, achei que merecia um agrado natureba para fazer um cafuné no meu estômago e de quebra, na auto-estima que não sabia muito bem onde tinha ido parar. Fiquei ali firme ao pé do fogão e tasquei no panelão: carne de soja que parece a moída, fatias de abobrinha, tomate e cebola (como é terapêutico cortar qualquer um desses no auge do dia chororô), rodelas picadinhas de palmito, champinhom cortado, pitadinhas de pimenta rosa, zathar, manjericão, ervas finas, cominho, pó de caldo de peixe (é, dele devo confessar que tenho saudades), folhinha de louro, Sabor a Mi azeite e ervas, pó de purê, cuscuz semi pronto, um pouco de patê de tomate cereja, shoyo e sabe Deus o que mais, manteiga ghee e uma pasta que minha amiga diarista fez. O amigo arco íris acha que é de batata, mas não tinha isso aqui quando ela veio, só que devemos levar em consideração que da penúltima vez ela repôs meu açúcar e sal espontaneamente, então pode ter trazido pronto
O acompanhamento é chá branco com água de coco
Minha gente! Para o meu paladas viciado em tempero forte de comida indiana achei que não está nem temperado demais e nem de menos. Dá para comer gemendo: hhhuuummm! E tem quase tudo que preciso né? Fibra, proteína, uma sombra de carboidrato (é, está mais que na hora de voltar à zona cerealista e "fazer o rapa" para mais um mês, que dá mó preguiça de voltar antes por conta das sacolas que tenho que carregar).
Ontem fiz outra pizza veg e o amigo multicor achou que o cheiro estava bom (nunca antes na história desse país encantei ninguém com esta alquimia, é inédito e mágico para a bruxinha ruiva aqui). Era massa integral, coloquei o molhinho de tomate cereja, tofu, shoyo e sabe Deus o que mais, abobrinha, tomate, champinhom, palmito, todos os temperos mencionados acima e assei. Meus pais chegaram na hora em que o aroma inundava a casa, mas como era de se esperar, se recusaram a arriscar que paladar tinha. Acabei requentando depois que eu e o freela fixo vimos "E Aí Comeu"? É uma comédia bem previsível, mas depois de dois dias chorando com palpite e perguntinha inconvenientes, foi bom para "desopilar o fígado", como diria "dona Lu", o melodrama que me gerou. Desta não me ocorreu registrar, até por já ter posto umas imagens de outras bem similares por aqui.
Estes dias voltei à nutricionista e "tchan, tchan, tchan, tchan"... Não estou com anemia, mas o colesterol não está exatamente como deveria. São as empadas e batatas fritas que como emergencialmente na rua, suponho eu, pois a carne gordurosa saiu fora do cardápio há tempos, o ovo está dentro do recomendado (1 a 2 vezes por semana, só quando os parentes não têm outra opção), os queijos gordurentos foram limados ano passado... Então... Acho que prevendo sem querer o resultado, comi bem comportadamente no Sesc  Ipiranga: feijão (recolocado na "dieta" só por conta do ferro, pois o gosto não me apetece nem um pouco), arroz integral, berinjela saltê (provavelmente não se escreve assim, mas estou aportuguesando tudo em homenagem ao meu ex chefe da Casseta Mercantil, um nacionalista), salada grande de alface, tomate e queijo branco, cupuaçu com chocolate e suco de maracujá orgânico. Hhhhuuuummmm!
O amor da minha vida voltou para casa: Bidu, o westie companheiro que você vê aí atrás
E neste café da manhã mirabolei uma nova maneira de disfarçar que só me encanta o cheiro e não o gosto do café, só para lembrar o aroma da bebida quando visitava meu avô no norte do Paraná e ainda ganhava por tabela a chuva e a terra vermelha no nariz: misturei com a Nutella que minha mãe deu, pois se recusa a crer que tenho cólica com derivado de leite e definitivamente cortar o laço com lácteos é destarrachar tardiamente o cordão umbilical. Nem amargo demais e nem doce além da conta. Uma colher. Para tomar rezando...
Há que se fazer uma força significativa para manter a linha, ainda mais com as fomes fora de hora na rua, mas vale a pena a sensação de saciedade com nada trash e por tabela a amiga pé no peito te receber com "como está magra"!
A nutri deu novas receitas. Em breve, cenas dos próximos capítulos de quem comeu fritura em casa quase toda a vida suando a camisa para tornar as refeições apresentáveis para a saúde - e para o blog também, claro!

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Do natureba à paixão pelo centrão

A entradinha do Apfel já mistura uma viagem no tempo com aquele elevador retrô e um mergulho no que a natureza tem de mais generoso: pétalas na entrada. As janelas têm uma vista colorida do centro antigo, as paredes desenhos criativos e os banheiros, pinturas que fazem com que volte para a infância, época em que eu pedia para ir ao banheiro, mas ficara era de pezinho balançando dizendo para minha mãe:
- Bonito né? - ou então:
- Esse não tem graça!
O buffet de saladas é colorido e convidativo. Mas terminei foi me acabando nos quentes, que nesta sexta tinha linguiça de soja, feijão azuki, farofa vegetariana, esfiha de soja, arroz integral, batata se não me engano assada, bolinho que devia ser de soja, hhuummm! Fora que a gente sempre garimpa uns convites de programas culturais e publicações alternativas.
Nos doces tinha torta de maracujá, arroz doce, morango em calda, gengibre, ai meu Deus!. Desde o fim do concurso para dar aula na prefeitura de São Paulo não dava o ar da graça (ou seja, meses) e depois do freela fixo ficar lembrando como a gente quase come com a mão, não pede garfo e faca e ainda lambe os dados lá, acabei não resistindo por estar resolvendo pendenga de exame e convênio pertinho.
Fora que cada vez que vou ao centro, me reapaixono por sua história, os prédios históricos, a praça da República que está uma graça, a criatividade de artesãos melhorando a entrada de prédios gelados, as cores das ruas, a criatividade para não deixar a peteca cair e os prédios deteriorarem de vez por lá. Lembro sempre de quando minha mãe me levava para trabalhar na Xavier de Toledo e comprava coisinhas no Mappin. É, devo ter a mesma relação de memória emotiva com a região, parecida com o que me remete ao avô no norte do Paraná. Mas vamos combinar? Sampa é uma graça, apesar do quanto maltratam ela. Meu primo está por aqui e fez fotos liiiindas lá de Cambé. Nosso olhar sempre pode melhorar as coisas. Como diria Lama Padma Samtem, é questão de reajustar o foco. O que você viu diferente hoje?

Massa "tudo junto misturado"

Como uma autêntica semi vegana sem tempo, quando vou para cozinha "taco tudo na panela" que é para, na dúvida, não faltar proteína, fibra, carboidrato... Sou doida por uma massa verde e esta é de espinafre, comprei no sacolão aqui perto (e se achei uma dessas em São João City, você encontrará em qualquer outro bairro onde Judas ainda chegou com alguma parte do figurino para perder).

Cortei meia dúzia de fatias da berinjela, palmito, cogumelo, manga e abobrinha, fatiei ao modo ninja da minha irmã postiça nipônica quadradinhos de cebola (vamos pelas diagonais e não dá tempo da bicha arder o olho), um tomate, fio de shoyo, algumas madacâmias (definitivamente não lembro quantas), pitadas de salsa desidratada, cominho, alecrim, alho em flocos, pimenta rosa, manjericão, ervas finas, caldo de peixe (que apesar do nome é pó), zathar, Sabor a Mi azeite e ervas e chai em pó, manteiga ghee, meia dúzia de gotas de mostarda e porções generosas de leite de coco. Isso foi cozinhando até dar uma fervida na panela e na outra o macarrão cozinhou com água.
Fiz uma baita cara de tia Regina rs
Tem sabor marcante (mas vá lá, minha prima aprovou minhas criações pela segunda semana seguida, além de me salvar depois que o laptop deu pau). Forra bem meu estômago que adora uivar dois minutos depois de ser suprido generosamente, mas meu primo do Paraná, um carnívoro xiita, não encarou e acaba de desvirginar na cozinha fritando um ovo e comendo uma pera.
Depois que fazemos é outro visual e sabor né, esquentado no microondas definitivamente dá uma brochada. Minha prima brincou que lembra chá (imagina!) e foi separando o alecrim, que não é assim nenhuma unanimidade.
Não vejo a hora de pegar os resultados dos exames que a nutri pediu e esfregar no nariz da família que está fazendo um bolão que minha "dieta" (já que não consideram posição ética) não tem nada a ver com o desmaio e sinusite do fim do ano. Provavelmente tem ligação com a fase insuportavelmente feliz, em que o sono vai pro brejo, mas o corpo esperneia.
Saudades da minha câmera para tirar fotos sem ser do celularzinho "mequetrefe".
De qualquer forma, não tem preço trabalhar em casa sem que nenhum colega abra um raio de um bobajitos na larica diurna, detonando com sua determinação de comer decentemente. Nossa Senhora dos Freela Fixos com a Corda no Pescoço, valei-me! Com meu primo torcendo o nariz estou até com medo de oferecer para o freela fixo. Foi um empate técnico entre Mendonça e Machado. Mas como diria Nelson Rodrigues toda unanimidade é burra!

Vinho branco de uva niágara: aprecie com moderação

Não que vá me meter a bancar a crítica gastronômica "de vez em sempre" por aqui, longe disso. Mas quando me apaixono por um achado como o Empório Catharina, na Lins de Vasconcelos, 1749, Vila Mariana, é preciso abrir umas aspas: não é sempre que mergulhamos num vinho niágara branco suave e saímos ilesos no dia seguinte. Mas vá devagar com o andor que baixei o freio de mão da língua demais. Vá tomando devagar e sempre, para curtir tudo que essa delicinha de Santa Catarina pode proporcionar. Sabe quando enrolamos para deixar o melhor para o final? Então...
O espaço tem decoração com rádio, anúncio, máquina de costura, rádio e câmera fotográfica antigos, dá para entrar num clima retrô (e no meu caso, fotografar até dizer chega). Experimentei o chá de folha de coca, mas ao contrário da expectativa, não, não dá barato nenhum. As mesinhas são barris (ou imitam muito bem eles), dá para se sentir numa "vibe" meio náutico-etílica. Esquecer da vida sentadinha ali não é muito difícil não. Escute musiquinha do celular, navegue na internet, preste atenção aos detalhes, embarque no providencial movimento "slow food".
Fora que o pessoal que atende ainda tem a pachorra de nos oferecer degustação de uns vinhos com abacaxi  e morango junto, dificultando a decisão de que "néctar de Bacco" levar para casa. Salivo só de lembrar. Para beber gemendo. O seco que o amigo arco íris trouxe ficou para escanteio, que brinco "de amarga já basta a vida".
Eles tem outros produtos coloniais: geleias, doces, alguns salgados (experimentei o de palmito, que é o que me salva na emergência do buraco do estômago uivando na rua). Um neon na frente fica convidativamente chamando para uma "enfiada de pé na jaca gastronômica". Tinha uns visitantes esquecendo na vida lendo e outros esperando namorada. Lembra da casa dos avós? Objetos de época permitem uma viagem nas lembranças, não tão rápida quanto os cheiros viabilizam, mas ainda assim bem vinda. É um espaço quase que em tons de sépia.
Enrolei para ir direto à aula de aéreo de uma amiga, mas brincar de jogar a isca do "adivinhe-o-que-vou-cozinhar-tenho-uma-surpresa" rendeu risadas, conversas e ainda tirei o amigo multicor do jejum para o exame do dia seguinte (ainda tinha o bolo de saquinho de coco da Vilma, personalizado com suco de laranja, canela, macadâmia e leite de soja que imita o condensado). E olha que misturei, deixei na geladeira, fui para o RPG, voltei, salpiquei fermento e coloquei no forno. Ao contrário do que recomendava, não usei batedeira. Tem que concentrar na intenção para o resultado sair favorável. Pelo menos entre os ingredientes e fogão funciona...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Gosto de Paraíba indiana

Tapioca é uma das 23348949 paixões da minha vida. Mas na rua, com aquele leite condensado ou o queijo, era cólica na certa. Comprei o pó e fiz ontem em casa, naquela hora da larica insistente de fim de tarde. Mesmo falando para não untar a forma, passei azeite distraidamente. Meti o pozinho por cima e pedi para Nossa Senhora das Cozinheiras Atrapalhadas: "valei-me"!
No começo estava querendo soltar, mas dei uma socada com talheres e grudou, graças a São Gourmet Natureba. Em cima coloquei a manteiga indiana ghee (que de acordo com o rótulo da fabricante Damodara, é livre de lactose, mas ainda assim ela me lembra infância no norte do Paraná, com cheiro de café, terra vermelha e chuva e meu vô passando manteiga, que na época devia ser como indica esta marca: de vaca de pasto, quer dizer, caipira)!
Também polvilhei manjericão, zathar, alho em flocos e leite de coco. Mas como viciada em sabores fortes indianos confessa, achei sem gosto e corrigi com o Sabor a Mi Azeite e Ervas e ficou proibitivo para hipertensos, ideal para "seu Benedonça" reclamar que tem mais tempero que comida. O acompanhante foi a água de coco com chá branco. Rendeu! Aguentou a aula inteira de yoga aéreo (e olha que crio uma família de lombrigas na barriga), mais duas ou três horas de prosa com a hermana Toddynho que providencialmente reencontrei no bairro, depois de uma saudade insistente.
A embalagem anunciava "Gosto da Paraíba", mas com minha personalização virou quase um sabor nordestino misturado com indiano. No feriado recebo meu primo irmão para matar as saudades e tenho que levá-lo para curar dor de amor em programas catraca livre em Sampa. Será que ele repetirá a dose do que tenho feito ou dirá que só "com segundas intenções para encarar"? Bem, no fim de semana a prima irmã futura room mate curtiu a desgustação natureba. Aguardem cenas dos próximos capítulos!
P.S.: A trilha do reacender de minhas paixões gastro-literária atualmente tem sido a mais que especial Alzira com o apaixonante Ney Matogrosso: http://migre.me/d9vsJ

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Cozinhar apazígua as feminines mal resolvidas

Os hambúrgueres de soja já vem assim à prova de atrapalhada: só por no forno ou na frigideira e correr para o abraço. Mas tudo agora eu quero personalizar e dá-lhe manteiga indiana, alecrim, zathar, manjericão, salsa desidratada, alho em flocos, Sabor a Mi azeite e ervas, cominho, ervas finas, pimenta rosa, pó de caldo de peixe...
Lembro que antigamente ia meter no microondas e praticamente comer com gosto de plástico. E da amiga dizendo que eu falava que cozinhar era para Amélias, que eu passava adiante e não sei o que mais. Percebo divertida que fiz as pazes com o lado de mim que gosta de cheiros, gostos e cores e acha que mereço do bom e do melhor. Antigamente não podia viver sem um filme no cinema por semana. Hoje, tirando menos, invisto em comida: pois demorei décadas para vivenciar e admitir que somos o que comemos. E minha professora de contação de histórias está certíssima: quando queremos cozinhar para nós, a auto estima está em dia. Outra colega de profissão e signo pipoca em meus ouvidos a recordação do que dizia: "gosta de cozinhar e de gato? Aê bruxinha"!

E as pazes não são só com esse lado. De uns tempos para cá tenho curtido fazer as unhas, prender o cabelo  no alto, me maquiar até pra ganhar colírio no oftamologista e sair borrada, usar colar ganho de ex marida há milênios e por mais que o corpo precise de uma variedade de exercícios, só quero saber de dançar e ver o vestido ou saia rodopiarem no espelho ou sentir os tecidos sambando para lá e para cá.
Era uma mulher às avessas, quase que pagando para não precisar passar por rituais femininos típicos. Até rir e fazer terapia informal com manicure e depiladora eu encarei nos últimos tempos. Cozinhar pode ser mais transformador do que parece à primeira vista?
Em tempo: o chá é de blueberry, apaixonante!
Mas nem tudo são flores na área mais wicca da casa: tem lá uma massaroca de farinhas de maracujá e de uva, sucrilhos de açaí, tofu e açúcar esperando ser salva no liquidificador. Passei no sacolão mais natureba do bairro, mas nada de inspirador à vista... Nem Cristo vai encarar aquele fuzuê remexido e mal resolvido na pia...

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Bruxinha se entendendo com a alquimia culinária

No meio do café da manhã quis abrir a geladeira e pegar o insosso tofu. Tomei logo cedo um banho deste bloquinho neutro de soja. É que estava chegando uma inspiraçãozinha para inventar. Fui curtindo chegarem as ideias enquanto acabava com as bolachas e geléia de damasco. E elas assentaram: fui para o liquidificador e bati quatro tomates cereja com quatro colheres de sobremesa de tofu (sim, a consistência dele fora do congelador colaborou) e 11 pitadas de Sabor a Mi azeite e ervas, manjericão, ervas finas, zathar, salsa desitratada, flocos de alho, caldo de peixe, pimenta rosa (estou apaixonada por ela, apesar de nunca ter sido fã desta cor e nem de sabor apimentado demais, feito meu pai que comia o creme de milho boré da tia Rita no interior suando de tanto entupir com este tempero), cominho, pó do chai, alecrim (uma de cada, claro!), folha de louro e uma colher de sobremesa de manteiga clarificada indiana ghee. Bem, o resultado testando com a pazinha de madeira, que deve ser de patê, pois nunca a usei de outro jeito, foi forte do jeito que gosto. Me ressenti até da falta de pão, bolacha ou torrada para testar com "crec crec" na boca.
Ando bem inventiva estes dias. Quem diria, uma "usina de ideias" feito eu, como classifica meu tio, levei décadas para descobrir esta artesanal e exclusivista arte culinária. O mais engraçado é que depois de um semestre, os palpites tresloucados têm saído a contento. Já devo ter dito que não sou fã do gosto do café, acho que de amarga já basta a vida (com ele meu histórico é saudosista emocional mesmo, aproveito para matar as saudades do meu avô, que me levava na máquina de café do norte do Paraná, onde o cheiro do grão moído fazia uma dança no meu nariz com o aroma da terra vermelha molhada de lá... Suspiro e fecha aspas desta digressão). Então para quebrar o gosto mais que marcante dele, salpiquei chá solúvel de blueberry (só posso com chá assim, pois sou calorenta e não dou conta desta bebida fervendo nem no frio). Ficou uma quebra sutil: nem tão amargo e nem tão doce, parece que foi uma fusão equilibrada dos dois. Neste caso foi uma colher de chá da bebida em pó docinha, mais uma pitadinha para fazer pose para o blog. Não reparem que a unha não foi produzida e demonstra indícios de surto de ansiedade corporativa desta semana.
Estes dias também quis mirabolar um "furdunço" vegetariano: não tenho paciência de picar e cozinhar cada coisinha de uma vez, então já picotei e meti no panelão tudo junto: 1/4 de abobrinha grande, palmitos grossos, mas devidamente diminuídos na faca, azeitonas já fatiadas (aproveitei a água delas), cogumelos (gente, eu que sou 220 voltz tenho "amodorado" a meditação de fatiar tudo de uma maneira diferente), doze colheres de sopa de proteína de soja fina escura Nutrilev, mais doze de pó de purê Hikari (só que não coloco mais o leite e manteiga que pedem, pois para o meu intestino sensibilíssimo vira "um ataque em Pearl Harbor"), outras doze de cuscuz da Divella (aceito cuscuzeira de apoio culinário a este blog), um fio de shoyo, meia dúzia de gotas de mostarda, 11 pitadas de Sabor a Mi azeite e ervas, manjericão, ervas finas, zathar, salsa desitratada, flocos de alho, caldo de peixe, pimenta rosa, cominho, pó do chai numa "xícarazona" bem "criança feliz" de chá, pitada de alecrim (temos refeito as pazes devagar e sempre depois do trauma da sobremesa sabor detergente), folha de louro e uma colher de sobremesa de ghee. Confesso que pensei que teria companhia à mesa para tanto, mas o "freela fixo" (não temos vínculo empregatício, mas negociamos alguns benefícios trabalhistas e uma razoável continuidade nas parcerias) já chegou "jantado". Suspeito? "É o que temos para o almoço", como recomenda minha tia Regina "vamos falar de sapatinho" ou seguir o bom senso da ex marida Gabi "esse assunto não precisa ir até o final". Adotei uma nova maneira de fazer vingar as criações: depois de falar com meu estômago, meus personagens e o tempo ou São Pedro em trânsito, fiquei conversando com os ingredientes e bolei uma nova maneira de misturar, já que a tradicional não funcionaria, pois era coisa demais para panela de menos: "circulozinhos" menores, da periferia ao centro, com a colher de pau (por razões ininteligíveis, adoro ela). Mesmo assim batizei o fogão, recém limpo (só que estava tão gostoso que fui recolhendo experimentando e testando o modo dificultoso para mim "leve e devagar", a fim de não torrar os dedos nos pontos quentes do fogão: decolou!). Ao término rebatizei esta inventividade salgada de "Pandora veg", pois a cada mordida é uma surpresa, tem um pipocar de temperos novo, acredito que assim não enjoarei de ter feito quase o suficiente para "distribuir embaixo do Viaduto do Glicério".
"Hoje tem sobremesa? Tem, sim senhor"! Bati (santo liquidificador... será que com processador de alimentos facilita mais?) 600 gramas de pasta de cupuaçu com 2/3 do leite de soja imitando o condensado e colher de sopa do chá de blueberry (a fruta que é bom não conheço, mas como este solúvel da Hile tem feito milagres por aqui). É doce, mas mesmo para mim que não sou muito deste sabor, foi de "lamber os beiços". Metendo no congelador, vira um "sorvete natural". Estou com fome no meio do dia e vou assaltar a geladeira com esta "mistureba natureba". Trabalhar em casa tem sido uma "mãezona" para minha gastrite e sensibilidade a leite e derivados, já que não tem nenhum colega de trabalho abrindo e oferecendo "bobajitos" e estragando todo um esforço de reeducação alimentar. Conclusão em finzinho de semana "em profusão de talentos", como diria meu professor Herom: que dó de morar sozinha e não ter para quem virar e perguntar: ficou uma delícia não é?
Nota de rodapé: este post foi criado, revisado e editado com a trilha sonora Uma Outra Estação, do Legião Urbana: http://migre.me/d53nV. Há milênios não abria minha caixa de CDs dele, mas esta semana fiquei "aguada" de matar as saudades, depois de ouvir o amigo multicor contando quando foi ao show deles no Pacaembu e dormiu no caixa 24 horas (só filha única sufocada não tem estas histórias para contar aos netos?)