domingo, 2 de março de 2014

Cozinhar é comunhão

Passei os últimos dias cozinhando pros que mais amo: amigos, namorado. Digerindo críticas construtivas aqui e ali, mas comprovando que minha professora de canto tem razão: não só pão é comunhão, mas repartir, oferecer, dedicar, meditar cortando, temperando, lavando louça, esquecendo da vida, é como dizia o povo do Osho "até que eu vire o cozinhar". Quando os telefones e interfones me tiram daquela "pinga boa", quase torpor:
- Catzo, o povo chegou, bora acelerar isso, que se não corto e tempero até o dia raiar.
O namorado e a amiga não são tão fãs assim das minhas "criações naturebas porra loucas", então pra ambos valeu comprar queijo, ovos e...mortadela? No boteco da esquina, que é pra complementar emergencialmente a culinária leve, que adoro, mas também mantém a minha gastrite "eternamente buraco" esgoelando no estômago: falta mais! (Acabo de lembrar que o gastro mandou comprar e tomar um remédio, mas já estou medicando costela, baixa imunidade, sono, não cabe mais alopatia nesta altura do campeonato).
Ontem ia fazer o bolinho árabe falafel, mas acabaram virando hambúrgueres de grão de bico. Devo ter errado a consistência adaptando receita virtual "no olho sem ser tia Rita do interior". Fiz arroz integral com vermelho e tomate, aproveitei farofa vegetaria e... filei parte do omelete que o namorado fez. Impressionante: o ovo "sabia" que eu estava fora daquela dieta carnívora e abortou a mortadela pra fora, direto pro prato dele. Kkkk. Fiz também carne de soja, mas ela é chatinha de mudar a cara e pegar tempero. (Acabo de lembrar que a mana japa deixa no molho em shoyo, acho que precisa usar a mistura oriental desse tempero com gengibre, como me ensinou a jornalista mestiça que teve bebê e preciso fazer uma visitinha).
Hoje fiz estrogonof vegetariano, cuscuz na cuscuzeira com berinjela, abobrinha, tomate, leite de amendoim e... Pô, acabo de lembrar que fiquei em débito de ensinar o pesto pro meu irmão budista... Desculpa pra reunir de novo e de novo, de novo. Hehehe.
Neste domingo vi milagres que só a cozinha ou a amizade genuína conseguem: reunir amigos tão sossegados feito eu e o budista e a elétrica da amada jornatriz que passou por aqui neste feriado delícia, em que botei pra correr essa tendenciazinha melancólica familiar que torna os domingos piores do que são.
Como se não bastasse o fuá doméstico aqui, levei todo mundo pra filar bolo de cenoura na minha mãe e matar as saudades do meu filhote Bidu.
Termino o domingo meio chororô, não pelas comilanças, reencontros, lembranças, desabafos, broncas, reclamações e delicinhas divididas, mas de ler o post da amiga professora que foi pro interior, ainda está mimando os avós e caí numa cobrancinha "Dona Lu" de querer ter feito mais que fiz com meus avós Renério e Dita (nunca é o bastante né?). Bom que sinto que os corações de quem ama nunca se separam. Afe, mas hoje a saudade do bolinho de chuva dele ficou "braba"! E com a morte da vó, não tenho pra quem pedir reza "conexão direta com Deus", já que minha fé parece energia de perifa: "chove e cai"...
"Mudando de pato pra ganso", como é costume da minha cabecinha "macacos pulando no sótão", de tarde confirmei que a mãe doutro amigo budista estava certa quando falou que eu e quem recebi hoje parecíamos irmãos no retiro de fim de ano. Vocês podem estar se perguntando: que catzo faz uma foto de jacaré neste post de blog de culinária terapêutica? É que hoje acho que atenuou um pouco esse buraco de filha única não ter irmão: ouvi a leitura do Jacaré de Papo Azul do livro 70 Historinhas, que se não me engano, ganhei do ex violeiro da minha vida. Eita que me senti igual criança de olhinhos vidrados que pede:
- Conta mais!
Ele sim, tem que estudar na Biblioteca Hans Andersen, especializada em conto de fada. E coordenar uma sala de leitura feito a amiga que voltou pra Presidente Prudente e quase chorou na nossa formatura, dividindo sabedoria indígena com amigos e familiares neste curso. Ou estudar "contação" noutro lugar qualquer, que é bom demais "minhagente", ainda faz parir nossos contadores meio encroados e levá-los pra sala de aula, um movimento que a "educação agradece de joelhos". Virge, queria mediar leitura e incentivá-la de todos os ângulos e jeitinhos, fossem artísticos ou literários.
Mas hoje "tou" é querendo minha cama, que magoei destas distâncias tamanho São Paulo na vidinha de quem se gosta. E um pouco mais enviesada, ruminando a falta retardatária do vô 220 voltz, que cruzava Cambé de bicicleta, era pé de valsa em baile da saudade, subia na árvore do quintal dele e quase caía, da avó que espirrava muito cedo, dava umas "mimadas light" na gente, rezava "pra torcida do Corínthians" e todo mundo que apresentássemos ela achava:
- Que amigo bonito e nome lindo. Mas esquisito esse sobrenome né?
Ela via assim mesmo, sem demagogia. Ainda reforçava que todos animaizinhos e crianças eram lindos.
Quando crescer quero ser como eles dois. Um mix. Hahaha
Ainda não "tou" acreditando que recebi uma das melhores fotógrafas que conheço e esqueci de nos registrar nossa esbórnia dominicial sem contra indicações... Que os pratos "tou" desistindo de registrar, pois faço uma produção meia boca dos coitados...
Ah sim, antes que me esqueça: aproveitei massinha de pão de cenoura com abóbora da profe de canto e recheei com azeitona, cogumelo e vários temperos. Ficou a glória! É assim: no que temos mais dificuldade precisamos pegar meio caminho andado, com misturas de saquinho, caixinha ou receita de amiga e finalizar. Ado, ado, cada um no seu quadrado especializado. Rs

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